janeiro 10, 2011

Casamento e conforto


Comentei o texto abaixo numa discussão sobre casamento em um blog.
As opiniões basicamente se dividiam entre os que não iam casar até ter dinheiro e os aventureiros que iam casar pela fé. Fui por um caminho um pouco diferente:

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Claro que tudo deve ser feito com razão, e fazendo as contas na ponta do lápis antes de tomar uma decisão importante como essa que vai mudar a vida dos dois. 

Claro que tudo deve ser feito com razão, e fazendo as contas na ponta do lápis antes de tomar uma decisão importante como essa que vai mudar a vida dos dois. 

Mas vejo hoje que a situação financeira é uma das coisas que mais angustia muita gente que está pra casar. Espera-se pra casar até que se tenha carro, casa própria, bom emprego, faculdade terminada, estabilidade, conforto... Muitos pensam que é preciso quase ter uma vida pronta e encaminhada pra então juntar as duas vidas. Onde está a preocupação em construir a vida juntos, lutar pelas coisas juntos, ver as coisas dando certo (ou mesmo errado) juntos?  

Queremos começar nossa vida de independência dos nossos pais com o mesmo nível de conforto com que eles nos deixaram até aqui. Pera lá. Seus pais suaram juntos durante 20, 30, 40 anos pra deixar a sua família no conforto que tem hoje. 
E quando nós vamos começar a nossa nova vida do "zero", pensamos precisar de tudo o que já tínhamos na antiga casa: microondas, tv, tv a cabo, tv de plasma, dvd, sofá gostosinho, secadora, lavadora de pratos, estantes e armários legais, decoração assim ou assada. Uma casa com vários cômodos, garagem, carro, diarista... Nossa visão do que é "essencial" e nossas "necessidades básicas" estão bastante sofisticadas.
Ter que pegar ônibus, costurar o rasgo da própria camisa, ficar sem um filminho ou sobremesas de vez em quando, viver com cômodos/móveis improvisados, "sofrer" um pouco, não é demérito pra ninguém; pra mim isso é "começar" a vida a dois,  e creio que em todas essas coisas há crescimento.
Claro que quem não quer ter que se esquentar pra viver abaixo do nível que se encontra na casa dos pais, tem que lutar (e esperar, portanto) pra ter o máximo que conseguir antes de sair. Mas a meu ver, outras prioridades podem ser consideradas. 

E em nenhum momento Deus diz que vai livrar seus filhos de dificuldades financeiras, ou de outras de qualquer ordem. Nem mesmo aqueles que não casaram "só pela fé" (não estou a prudência, sensatez e a racionalidade, apenas dizendo que elas não vão evitar todos os problemas). 
O que Ele promete é que não vai deixar faltar o que realmente é essencial, como no texto de Mateus. Disso eu tenho um exemplo legal do meu pai, que em todas as dificuldades e perdas de emprego não se desesperou e sempre confiou que Deus não ia deixar faltar o pão na nossa mesa.



Aliás, pra ser mais radical,
conforto não é exatamente um dos pontos fortes no evangelho de Jesus.



(obs. sobre minha situação: estou namorando e pensando em casar, e claro, dinheiro e lugar pra morar estão na minha lista de preocupações principais, he.)

Janeiro 2011